Fiocruz aponta um aumento de casos de Covid em todo o Brasil: veja os principais sintomas em homens e mulheres

Estudo feito pela Johnson & Johnson também mostrou recentemente que homens transmitem mais o vírus, enquanto mulheres têm chance maior de desenvolver pior versão da doença

Homens têm chances maiores de desenvolverem casos graves de Covid-19, de morrer em decorrência da doença e de transmiti-la. Gerd Altmann/Pixabay

De forma mais moderada ou não, o fato é que a covid está voltando. Dados do boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam para um aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), com uma média de 7 a cada 10 testes apresentando resultado positivo para o Sars-CoV-2, vírus causador da covid-19. 

Vale lembrar que o levantamento foi feito entre os dias 19 a 25 de junho, quando havia uma crescente de casos nas últimas 06 semanas, e na segunda-feira, 04 de julho. O estudo mostra que o boletim desta semana mostra que a possível interrupção do crescimento sinalizada na última edição não se manteve.

Diante do aumento de casos, as mulheres devem se preocupar. Segundo estudo feito pela empresa de saúde Johnson & Johnson que analisou mais de 1,3 milhão de pessoas infectadas, as integrantes do sexo feminino estiveram 22% mais propensas a contrair a covid longa do que os homens. A conclusão foi publicada em um artigo na revista Current Medical Research and Opinion e a pesquisa teve como base a partir de estudos e artigos já existentes. De acordo com os especialistas, uma possível explicação para o fenômeno está nas diferenças na função do sistema imunológico entre os sexos. 

As mulheres tendem a apresentar respostas inatas e adaptativas mais rapidamente, que as defendem da infecção inicial e da gravidade, na comparação com os homens. Porém, elas podem ser mais suscetíveis a doenças autoimunes prolongadas.

A Covid longa

A síndrome da Covid longa ainda é uma incógnita para a medicina. O termo se refere à persistência dos sintomas ligados à doença após o período de infecção, um quadro que afeta de 10% a 20% das pessoas contaminadas pelo vírus, de acordo com estimativas da OMS (Organização Mundial da Saúde). 

Dois anos após o início da pandemia, já se sabe que a Covid-19 não é uma doença que acomete apenas o sistema respiratório. A enfermidade afeta todo o corpo, assim como as suas sequelas.

Os sintomas da Covid longa podem atingir diferentes regiões do organismo. A OMS considera problemas respiratórios, cardiológicos e neurológicos integrantes da definição da síndrome. 

Entre os sintomas observados, destacam-se: tosse seca, cansaço, dificuldade para respirar, miocardite, hipertensão, pressão baixa, problemas de memória e dificuldades de concentração. 

Eles podem aparecer em pacientes que tiveram um quadro grave ou leve da doença e, em alguns casos, podem ser debilitantes. Por isso, a importância de monitorar o paciente até dois anos após a infecção, sendo o primeiro ano crucial.

A OMS classifica Covid longa sintomas que não tenham ido embora após 12 semanas do diagnóstico da doença. Após estes três meses, eles devem persistir por no mínimo oito semanas para se encaixar nas estatísticas da síndrome.

Ainda não está confirmado se a vacinação ajuda a prevenir a Covid longa. Porém, os estudos disponíveis até o momento mostram que, aparentemente, os quadros da síndrome são mais brandos entre as pessoas que completaram o esquema vacinal. 

Covid: diferenças nos sintomas entre homens e mulheres

Ao longo da pandemia, os especialistas andaram estudando como o vírus da Covid-19 afeta de forma diferente homens e mulheres. Além da suscetibilidade à síndrome, há outras particularidades da doença exclusivas do público feminino. 

Um estudo conduzido pela USP (Universidade de São Paulo), UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) e InCor (Instituto do Coração), ainda com a primeira mutação do vírus, mostrou que as mulheres são mais resistentes ao contágio pelo coronavírus. 

As conclusões foram obtidas a partir do acompanhamento de cerca de 2 mil casais, em que um dos cônjuges contraiu coronavírus e o outro não. O dobro das mulheres não desenvolveu sintomas da doença em relação aos homens; em 60% dos casos foi o homem que transmitiu para a parceira ou foi o único que teve a doença.

As mesmas instituições também demonstraram que indivíduos do sexo masculino são transmissores mais eficazes na comparação com as mulheres, mesmo quando fazem o uso de máscaras de proteção. Não se sabe ao certo o motivo, mas talvez os hormônios feminino ofereçam uma certa blindagem. 

Na recente pesquisa da Johnson & Johnson, os cientistas observaram, ainda, que, quando se trata da Covid longa, predominam sintomas variados entre homens e mulheres. 

Enquanto elas geralmente eram alvo de cansaço, problemas de ouvido, nariz e garganta, distúrbios do humor, problemas neurológicos, cutâneos, gastrointestinais e reumatológicos, eles apresentavam principalmente diabetes e condições renais.

Até mesmo na fase infecciosa da doença os cientistas identificaram diferenças entre os sexos. No início dos sintomas, as mulheres eram mais vulneráveis a transtornos de humor, sintomas de ouvido, nariz e garganta, dor musculoesquelética e problemas respiratórios. Já os homens se mostraram mais propensos a distúrbios renais nessa fase da enfermidade. 

Os especialistas apontam, ainda, que as mulheres estão mais sujeitas à exposição do vírus devido a predominância feminina em profissões essenciais, como enfermeiras e professoras. 

Embora ainda existam lacunas, as pesquisas relacionadas às diferenças sexuais nos sintomas, progressão do quadro e sequelas devem avançar, pois são essenciais para desenvolver terapias eficazes que afetem positivamente a saúde pública.

Fonte: Alcindo Neto