Para celebrar a semana do Dia Mundial do Veganismo, 5 reflexões sobre o consumidor e este mercado – Gabrielly Leite

Gabrielly Leite, vegetariana e produtora de conteúdo digital na Galunion
Se você é do time que não entende muito bem o porquê uma pessoa deixaria de apreciar as receitas maravilhosas à base de carne e derivados, mas sabe que precisa conhecer melhor esses consumidores e seus hábitos, fique comigo até o fim deste artigo!
Para este material, tive a oportunidade de entrevistar grandes referências do mercado vegano: Fabio Zukerman (fundador e CEO do Grupo Planta) e Monica Buava (sócia-fundadora do POP Vegan), ambos membros da Sociedade Vegetariana Brasileira.
Movimentos, como a Segunda Sem Carne, trazem esperança para a redução desse consumo, conscientizando as pessoas sobre os impactos que esses hábitos causam, além de incentivar as pessoas a descobrirem novos sabores ao substituir a proteína animal pela proteína vegetal pelo menos uma vez por semana. Em 2018, já sabíamos que 14% dos brasileiros se consideravam vegetarianos e que a maioria da população do país já estava disposta a escolher mais produtos veganos. Em fevereiro deste ano, uma pesquisa do IPEC, encomendada pela SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira), mostrou que em todas as regiões brasileiras, e independente da faixa etária, 46% dos brasileiros já deixam de comer carne por vontade própria pelo menos uma vez na semana.
Essa mesma pesquisa apontou que 32% dos consumidores brasileiros escolhem uma opção vegana quando essa informação é destacada pelo restaurante ou estabelecimento. Hoje já existem diversas empresas que acreditam nessa causa, oferecendo uma série de produtos, informações relevantes e soluções para que você consiga incluir itens plant-based deliciosos em seu cardápio!
Confira 5 argumentos e alguns trechos dos bate-papos que tive com Fabio Zukerman e Monica Buava:
1 – Consumidores que não se declaram veganos estão escolhendo opções veganas e vegetarianas!
• Pesquisa do IPEC de 2021: pessoas que não se declaram veganas/vegetarianas também escolhem opções que não contêm derivados animais quando vão a restaurantes/estabelecimentos.
• Incluir uma opção vegetariana em seu cardápio não está se tornando mais atrativo somente para uma pequena parcela da população (14%) que se declara vegetariana, mas sim para mais 30% dos consumidores brasileiros!
O Voto de veto
Outra razão pela qual as pessoas vão a restaurantes com opções veganas é o voto de veto! Conversei sobre isso com o Fabio Zukerman: “Acaba ganhando o voto de veto, pois quando há um vegetariano, as pessoas vão naquele local onde todos podem comer. Além de ganhar esse voto, o estabelecimento ganha novos clientes.”
Atenção para as novas gerações!
As novas gerações cresceram com o hábito de comer fora e possuem uma visão mais sofisticada em relação à alimentação. “A indústria de Food Service está entendendo a importância de ter itens vegetais no cardápio. Hoje, falando desses jovens, eles têm a comida como identidade, ato político e ferramenta de combate a essa degradação planetária que vem acontecendo”, comentou Fabio Zukerman.
2 – O veganismo precisa estar sempre associado à saudabilidade?
• Pesquisa Galunion com consumidores: 78% dos entrevistados – entre veganos e não veganos – consideram essa uma opção “saudável”.
• Estudo Sociedade Vegetariana Brasileira: cuidado com a saúde (56%) é o principal fator de decisão de compra dos alimentos Plant-Based em comparação aos similares de origem animal, seguido pelo quesito nutritivo (28%) e pela experiência de novos sabores (26%).
Alimentação, cultura e memória afetiva andam lado a lado
Para remeter aos sabores tão populares, ativando memórias afetivas e trazendo cultura para o prato, o básico bem-feito é primordial. Incluir itens veganos e vegetarianos muitas vezes não requer adquirir novos insumos, ou mudar a identidade do restaurante. Para Monica Buava, do POP Vegan “não basta ser vegano, tem que ser saboroso!”.
Experiência
• Pesquisa Galunion com consumidores : encontro com amigos e familiares (58%) e experiência de comer fora, com um serviço amigável e de qualidade (40%), os fariam voltar a frequentar bares e restaurantes.
Comentei isso com Fabio e sua opinião foi a seguinte: “Essas pessoas vão buscar sabor, preço, rastreabilidade do que está por trás do alimento – desde pessoas, até a matéria-prima – as pessoas buscam segurança, sabor, mas cada vez mais a indulgência é unida à saudabilidade.”
Pós-pandemia
Durante esse período, as pessoas voltaram o olhar para a saúde física e do planeta, buscando consumir alimentos mais saudáveis e sustentáveis. Também conversei sobre isso com a Monica: “Muita gente mudou a alimentação por conta das comorbidades. Por vários motivos, as pessoas vão repensando a alimentação e vão exercer o poder de veto, porque todo mundo quer se reunir”. Aqueles restaurantes que não têm opções deste tipo, estão deixando de vender não só para este público, mas para todo o grupo de relacionamento nos momentos de reencontro pós-pandemia.
3 – Veganos e vegetarianos, nem sempre, deixaram de comer carne e derivados por não apreciarem o sabor
• Estudo ‘O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant Based’, elaborado em 2020 pelo The Good Food Institute (GFI): cerca de 85% das pessoas experimentariam carnes vegetais que fossem idênticas às de origem animal.
• Possuir sabor, aroma e textura igual ou melhor foi apontado por 62% dos participantes como a característica mais importante.
• A vontade de consumir um produto o mais natural possível com 60%.
• O valor nutricional igual ou melhor, com 59%.
Carnes veganas para quem gosta de carne
A oferta de produtos semelhantes e/ou bem parecidos com o sabor da carne “de verdade” é extremamente necessária para uma parte dos consumidores em transição. Muitas vezes não deixamos de comer por não apreciarmos o sabor, mas sim porque escolhemos renunciar tudo o que está atrelado ao consumo de carne de origem animal.
4 – O veganismo acessível é um movimento que só cresce
• Estudo Sociedade Vegetariana: preço acessível é o atributo mais buscado em um produto vegano (61%), seguido por sabor agradável (57%) e facilidade de localização nas prateleiras (32%).
• O principal motivo da não compra de alimentos plant-based nos países pesquisados está relacionado ao alto preço (59%).
Conveniência, sabor e preço
A acessibilidade é um pilar muito importante para o crescimento do movimento vegano. Por que o prato vegano, na maioria das vezes, precisa ser o mais caro? Esse foi um dos temas da minha conversa com a Monica:
“Se você pensar na alimentação, a acessibilidade é um tripé, com conveniência, sabor e preço. Porque acessibilidade não é só sabor, não adianta ser super saboroso e ter que ir buscar em um local longe, ou ser algo que custe R﹩100, ou aquela coisa que você tem que encomendar, com 5 dias úteis. Foi-se o tempo que era assim. Então, acessível é aquela coisa da conveniência, do ‘aí eu quero que entregue rápido, todos os dias’ e também há uma questão do lugar comum para as pessoas.”
5 – O mercado plant-based é monitorado pela Galunion desde 2017
• NRA Show de 2017: experimentar as primeiras versões dos produtos da marca Beyond Meat nos Estados Unidos, lançada em 2009. Em 2018, a Galunion realizou um estudo sobre o Mercado Vegano em parceria com a Sociedade Vegetariana Brasileira: tendências na oferta vegetariana e a visão dos formadores de opinião e profissionais da saúde.
• Galunion Insights 2019: resultados do What’s Hot, estudo que mapeou as principais tendências culinárias do Food Service brasileiro sob o olhar de profissionais do setor. Penetração de itens veganos, em que se destacavam questões do bem-estar animal, alimentação “limpa” e propriedades ligadas aos ingredientes.
• Em julho de 2020, pesquisa “Alimentação na Pandemia: Como a COVID-19 impacta os consumidores e os negócios em alimentação”: 33% dos consumidores afirmaram que produtos plant-based seriam uma das tendências culinárias/gastronômicas que continuariam após a pandemia passar.
• Galunion FoodTrends Report de 202: tendências frente à evolução do plant-based.
Fontes:
Galunion – Pesquisa Alimentação na Pandemia: Como a COVID-19 Impacta dos Consumidores e os Negócios em Alimentação, realizada em Agosto de 2021
Galunion – Pesquisa Alimentação na Pandemia: Como a COVID-19 Impacta dos Consumidores e os Negócios em Alimentação, realizada em julho de 2020
Sociedade Vegetariana – Mercado Vegano
The Good Food Institute (GFI) – ‘O Consumidor Brasileiro e o Mercado Plant Based”, realizado em 2020
Sobre a Galunion
Especializada no setor de alimentação, a empresa atua como uma catalisadora de conhecimento, networking e inovação. Os serviços são voltados para negócios e profissionais que atuam no mercado de Foodservice. Fundada e comandada pela CEO, Simone Galante, a Galunion atua em projetos de consultoria estratégica e de inovação, monitoramento de tendências, pesquisas, educação, roadshows, laboratório culinário e outros eventos para o mercado de alimentação preparada fora do lar. Realiza também estudos quantitativos e qualitativos em parcerias com renomadas entidades como a ABF (Associação Brasileira de Franchising) e a ANR (Associação Nacional de Restaurantes).